HISTÓRICO E METODOLOGIA DO PROJETO

A informatização dos recursos bibliográficos da USP teve início em 1985, com a criação de um catálogo global do acervo de todas as bibliotecas da instituição, destinado a acesso on-line, mais tarde denominado Banco de Dados Bibliográficos da USP – DEDALUS. Para a representação temática desse acervo, embora cada biblioteca já utilizasse terminologias consagradas de cada especialidade em seus catálogos tradicionais, foi necessário desenvolver uma linguagem de tratamento comum para o Banco, denominada Lista de Assuntos USP, que contava inicialmente com cerca de 8.000 entradas. Entre 1988 e 1989 foram incluídos novos termos à lista, totalizando 8.300 cabeçalhos autorizados.

Em dezembro de 1992, o Departamento Técnico do SIBi realizou um Workshop interno, com o objetivo de iniciar a modernização do Sistema de Bibliotecas da USP. Nesse evento, foram definidas as atividades prioritárias para o Sistema, figurando dentre elas o aprimoramento do Banco DEDALUS. Em março de 1993 foi constituída equipe específica para essa atividade, composta inicialmente por 8 bibliotecários de Unidades da USP, com a atribuição de expandir e atualizar a Lista de Assuntos então existente.

A primeira tarefa da equipe consistiu em planejar e organizar os diversos aspectos do trabalho. Nesse contexto, foi proposta pelo Departamento Técnico do SIBi uma parceria com o Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da USP(CBD/ECA/USP), para a orientação metodológica da estruturação do Vocabulário. A seguir, foi efetuado um primeiro estudo da Lista de Assuntos, com a colaboração de bibliotecários de várias Unidades da USP vinculados às atividades de Processamento Técnico e de Cadastramento de Monografias no Banco DEDALUS.

Com a finalidade de capacitar o grupo para a tarefa, foi realizado, simultaneamente, o curso "Princípios de Compatibilização de Linguagens Documentárias", ministrado no DT/SIBi, pelas Docentes Anna Maria Marques Cintra, Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo, Marilda Lopes Ginez de Lara e Nair Yumiko Kobashi, do CBD/ECA/USP, e Mariângela Lopes Fujita, da UNESP, com a participação de cerca de 50 bibliotecários. Estabeleceu-se, com esse curso, um patamar comum de conhecimentos e de procedimentos metodológicos compartilhado pelo grupo. Ao término do referido curso, foi elaborado o "Projeto para Aprimoramento da Lista de Assuntos USP" .

Para o desenvolvimento do referido projeto, houve a participação efetiva de cerca de 40 bibliotecários do Sistema, bem como a valiosa colaboração de docentes das várias Unidades da USP, na estruturação dos sistemas conceituais e adequação terminológica das áreas contempladas pelo Vocabulário. Por sua vez, os docentes integrantes da linha de pesquisa em Análise Documentária e Terminologia do CBD/ECA/USP ofereceram o aporte metodológico ao projeto.

Além do acompanhamento do Departamento Técnico do SIBi/USP, destacam-se a atividade de coordenação técnica, feita por uma bibliotecária do Sistema, e a coordenação metodológica de uma docente do CBD/ECA/USP. Para a organização final dos originais e a criação de base de dados, com o objetivo de tornar disponível o Vocabulário no Banco DEDALUS, houve a participação da equipe de bibliotecários, analistas de sistemas e técnicos do Departamento Técnico do SIBi/USP.

METODOLOGIA

As Bibliotecas da USP caracterizam-se pela descentralização e especialização de seus acervos. O acesso global a esse fundo informacional requer, desse modo, uma linguagem comum de representação temática, que contemple a convivência, em cada acervo, de itens bibliográficos gerais (presentes nas várias bibliotecas do Sistema), voltados para o ensino de graduação, e de itens especializados (igualmente presentes nas várias bibliotecas), que respondem às demandas do ensino de pós-graduação e da produção de conhecimento pelas diferentes linhas de pesquisa.

Para enfrentar esse desafio, optou-se pela criação de um vocabulário unificado, tendo como ponto de partida as linguagens efetivamente utilizadas pelas bibliotecas do sistema. A elaboração de um Vocabulário controlado fundamentou-se no princípio de que um instrumento dinâmico, capaz de ser atualizado de forma criteriosa, requer uma estrutura de relações lógico-semânticas explícitas entre as áreas, subáreas e a terminologia propriamente dita, em seus diferentes níveis e a apresentação de regras de utilização igualmente explícitas e compartilhadas.

Para assegurar a realização do projeto, foram estabelecidas metas claras, procedimentos sistemáticos, controlados e submetidos a ajustes periódicos e, principalmente, contou-se com equipe sintonizada com os objetivos globais do trabalho. Nesse sentido, foram adotados os seguintes procedimentos organizacionais e metodológicos:

  1. Organização das bibliotecas da USP em nove sub-grupos (Quadro I)

b) Elaboração da estrutura temática de cada área e compatibilização das estruturas por sub-grupos.

As estruturas temáticas de cada área foram elaboradas a partir dos descritores existentes nos catálogos locais das bibliotecas e da consulta a diversos tipos de fontes de referência: tesauros já existentes, sistemas de classificação, dicionários especializados, coleções básicas de cada área, estruturas curriculares, linhas de pesquisa das Unidades e especialistas da Universidade nas áreas do conhecimento consideradas. A partir da estrutura preparada pelas bibliotecas, procurou-se elaborar em cada sub-grupo uma estrutura unificada. Foram construídas, inicialmente, em torno de 50 estruturas temáticas relacionadas às disciplinas científicas. Dentre elas, a Biblioteca do Instituto de Química elaborou as estruturas temáticas de Química e de Farmácia; a Faculdade de Filosofia elaborou várias estruturas temáticas, referentes à Antropologia, Sociologia, História, Letras, como segue:

Quadro I – Distribuição dos Grupos de Bibliotecas para a Elaboração do Vocabulário USP

Sub-Grupo

Áreas Temáticas

Bibliotecas Participantes

 

1

 

Filosofia, Ciência Política, Antropologia, Sociologia, História, História do Brasil, Museologia, Geografia, Letras e Lingüística.

  • Fac. Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Instituto de Estudos Brasileiros
  • Museu Paulista

 

 

2

Economia, Direito, Administração, Contabilidade

  • Faculdade de Direito
  • Faculdade de Economia e Administração

 

3

Educação, Psicologia

  • Faculdade de Educação
  • Instituto de Psicologia

4

Artes, Arquitetura e Urbanismo, Comunicações

  • Escola de Comunicações e Artes
  • Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
  • Museu de Arte Contemporânea

5

Geologia, Química, Bioquímica, Farmácia, Matemática, Estatística, Astronomia, Geofísica e Física

  • Instituto Astronômico e Geofísico
  • Instituto de Física
  • Instituto de Física de São Carlos
  • Instituto de Geociências
  • Instituto de Matemática e Estatística
  • Instituto de Química e Faculdade de Ciências Farmacêuticas (Conjunto das Químicas)
  • Instituto de Química de São Carlos

 

 

 

6

 

 

Medicina, Saúde Pública, Nutrição, Enfermagem, Educação Física e Esportes

  • Escola de Educação Fìsica e Esportes
  • Escola de Enfermagem
  • Faculdade de Medicina
  • Faculdade de Saúde Pública
  • Unidades do Campus de Ribeirão Preto (Biblioteca Central)

 

 

7

 

 

Biologia, Botânica, Oceanografia, Zoologia, Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências Agrárias

  • Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
  • Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
  • Instituto de Biociências
  • Instituto de Ciências Biomédicas
  • Instituto Oceanográfico
  • Museu de Zoologia

 

8 

 

Engenharia 

  • Escola de Engenharia de São Carlos
  • Escola Politécnica

9

Odontologia

  • Faculdade de Odontologia
  • Faculdade de Odontologia de Bauru

 

c) Inclusão dos blocos de assuntos, gerados em ordem hierárquica, na estrutura temática unificada

Foi elaborado pela equipe do DT/SIBi um programa de computador (com o respectivo manual de procedimentos) para o desenvolvimento das atividades de compatibilização. Este programa permitiu registrar a coleta dos assuntos usados em cada biblioteca e sua correspondência com a Lista de Assuntos USP então vigente. Após a compatibilização das estruturas temáticas por sub-grupo, os dados foram integrados à estrutura temática unificada, a fim de serem estabelecidas as relações lógico-semânticas entre os termos.

A partir desse processo de inclusão, foi gerada uma listagem em ordem alfabética com a finalidade de consolidar os termos (descritores) a serem efetivamente utilizados. Cada termo foi identificado por uma sigla indicadora da Unidade USP quanto à sua proveniência.

d) Estabelecimento de relações lógico-semânticas entre os termos.

A lista global de termos obtida foi inicialmente organizada em ordem alfabética e analisada para proceder à eliminação de redundâncias e aos ajustes necessários. Foram determinados, em seguida, os termos preferenciais, sendo os sinônimos ou quase-sinônimos mantidos como remissivas. Para a normalização dos termos (homogeneidade formal e univocidade da relação termo-conceito), introduziram-se qualificadores, notas de escopo, operadores de equivalência (VER), com base nas normas e diretrizes de construção de vocabulários documentários.

e) Definição dos termos ambíguos (em ficha terminológica) e compatibilização das estruturas temáticas dos sub-grupos com as áreas complementares.

No processo de construção do Vocabulário USP, verificou-se a necessidade de refinar as relações lógico-semânticas entre os termos e, ao mesmo tempo, acrescentar modificadores para eliminar as ambigüidades.

A definição dos termos conferiu rigor ao processo de compatibilização das estruturas temáticas dos sub-grupos com as áreas complementares. Evitou-se, desse modo, manter redundâncias indesejáveis que comprometessem a economia do sistema.

A lista alfabética obtida foi editorada e encaminhada a cada integrante do grupo para proceder à reestruturação hierárquica da sua área, com o uso dos seus termos específicos.

As listagens hierárquicas foram então analisadas em conjunto pelos coordenadores do trabalho. A seguir, foram submetidas à apreciação das bibliotecas, para que se procedesse à codificação alfa-numérica dos termos, de acordo com a Macroestutura estabelecida para o Vocabulário.

ORGANIZAÇÃO

As hierarquias de termos foram definidas por áreas do conhecimento e agrupadas de acordo com a Macroestrutura (Quadro II).

 

Quadro II – Macroestrutura do Vocabulário USP

Grandes Áreas

Áreas

CA100 CIÊNCIAS AGRÁRIAS

 

CA110 AGRONOMIA

CA120 ENGENHARIA DE PESCA

CB200 BIOCIÊNCIAS

CB210 BIOLOGIA

CB220 BOTÂNICA

CB230 IMUNOLOGIA

CB240 MICROBIOLOGIA

CB250 ZOOLOGIA

CB300 SAÚDE

CB310 EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

CB320 ENFERMAGEM

CB330 MEDICINA

CB340 NUTRIÇÃO

CB350 ODONTOLOGIA

CB360 PSICOLOGIA

CB370 SAÚDE PÚBLICA

CB380 FARMÁCIA E COSMETOLOGIA

CB390 FONOAUDIOLOGIA

CB400 SAÚDE ANIMAL

CB410 MEDICINA VETERINÁRIA

CB420 ZOOTECNIA

CE500 CIÊNCIAS EXATAS

CE510 ASTRONOMIA

CE520 FÍSICA

CE530 GEOCIÊNCIAS

CE540 GEOFÍSICA

CE550 MATEMÁTICA

CE560 QUÍMICA

CE600 CIÊNCIAS EXATAS APLICADAS

CE610 CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

CE620 ENGENHARIAS

CE630 ESTATÍSTICA E PROBABILIDADE

CE640 METEOROLOGIA

CH700 CIÊNCIAS HUMANAS

CH710 ADMINISTRAÇÃO, ECONOMIA, ECONOMIA DOMÉSTICA E CONTABILIDADE

CH720 ARQUEOLOGIA, MITOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA

CH730 ARQUITETURA, PLANEJAMENTO TERRITORIAL URBANO E HABITAÇÃO

CH740 ARTES E COMUNICAÇÃO

CH750 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E MUSEOLOGIA

CH760 DIREITO, FILOSOFIA, RELIGIÃO, CIÊNCIAS SOCIAIS E CIÊNCIA MILITAR

CH770 EDUCAÇÃO, LAZER, RECREAÇÃO

CH780 HISTÓRIA, HISTÓRIA DO BRASIL E GEOGRAFIA

CH790 LINGÜÍSTICA, LÍNGUAS, LITERATURA E TEORIA LITERÁRIA